Vivemos em uma cultura baseada em consumo, plástico, agilidade, rapidez e a tal praticidade. Pensar em produtos que sejam reutilizáveis soa principalmente como trabalhoso, mas também como pouco higiênico, pouco seguro ou de baixo valor. Sair com dezenas de sacolas de uma loja representa status para muitas pessoas. Vivemos em uma cultura baseada em consumo, em que obter mais e mais produtos sacia um desejo de preencher um certo vazio existencial, de pertencimento ou adequação social e cultural.
Existem muitas iniciativas para que as pessoas adotem seu próprio copo/caneca em detrimento do descarte de milhões de copos descartáveis, ou mesmo que as pessoas deixem de consumir saquinhos e sacolas em suas compras. Mesmo nestas ações simples, há muita resistência. O clique em nossa mente, após conhecer a realidade dos lixões, do aquecimento global, ou da destruição de nossa Terra para a produção de mais lixo, pode transformar nossas atitudes diante de que tipo de relação queremos ter com o que consumimos. Que consumidoras queremos ser.
Os absorventes reutilizáveis fazem parte desta tomada de decisão. Quando os absorventes descartáveis surgiram, eram produtos consumidos por quem tinha mais poder aquisitivo (na verdade, isso permanece assim até hoje), e desta forma, seu consumo visto como algo valioso, representação de status. Os paninhos laváveis, motivo de vergonha para muita gente, passou a ser mal visto, como algo que remetia a sujeira e pobreza. Além disso, em nossa cultura cristã patriarcal, ensinando que a menstruação é sinônimo de falta de pureza, castigo divino, defeito do corpo de fêmea, poder tirar um absorvente descartável, sem ter que olhar e lidar com a própria menstruação, pareceu algo muito confortável. Até na propaganda dos absorventes, o fluído representando o sangue, não é sangue, é um líquido azul.
Porém, estes benefícios vendidos pelas indústrias de lixo, começam a ser questionados. Casos de síndromes de choque tóxico com absorventes internos, alergias, aumento de fluxo, e muito, muito, muito lixo sendo gerado.
O primeiro absorvente descartável que você usou em sua vida, continuará sendo decomposto mesmo depois que você morrer; parece muito fria esta afirmação? Pois não é. Cada pessoa que menstrua consome em média 10 mil absorventes em todo seu ciclo de vida menstrual, e cada absorvente comum leva em média 100 anos para se decompor. Lembre que as pessoas que menstruam são mais da metade da população mundial.
A ideia de que usar um absorvente que precise ser lavado para usar de novo causa muita estranheza para muita gente, mas todos nossos hábitos de vida estão passíveis de mudança. A escolha por mudar de produtos de higiene menstrual descartáveis para reutilizáveis, tem um impacto imenso: em seu autocuidado com sua saúde e o cuidado com nossa casa maior, a Terra.
E acompanha uma possível perspectiva holística: meu sangue não é lixo; é um fluído que cumpriu uma função fisiológica, e que não há razão para ter nojo ou medo de ser tocado ao lavar um paninho ou trocar o coletor menstrual.
Liberte-se da lógica da facilidade dos descartáveis: onde está praticidade na cadeia de produção destes produtos? Onde está facilidade em um produto que consome tantos recursos para ser fabricado para ser descartado após um breve uso?
Considere os reutilizáveis!
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